A Embrapa acaba de desenvolver a sua terceira amoreira-preta sem espinhos, a BRS Karajá. A nova cultivar traz, entre as vantagens, o aumento da eficiência da colheita e na poda em, no mínimo, 30% em relação às cultivares com espinhos, diminuindo o tempo necessário para realizar os tratos culturais, a penosidade do trabalho e aumentando a disponibilidade de mão de obra para o manejo da cultura. Além disso, o seu fruto tem sabor menos amargo.
A coordenadora do programa de melhoramento genético em amoreira-preta, a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado (RS) Maria do Carmo Bassols Raseira, conta que há uma economia no tempo dos tratos culturais, como condução, poda e colheita. “A BRS Karajá se destaca também pela acidez e amargor inferiores aos das frutas das cultivares sem espinhos anteriormente lançadas, o que lhe confere mais um atrativo ao mercado e a difere da cultivar BRS Xavante”, compara.
A nova amora é indicada para congelamento, processamento ou consumo fresco. Bassols relata que o mercado de frutas da amoreira para fins industriais ainda é o mais procurado. Segundo ela, as demais cultivares lançadas sem espinhos – BRS Ébano (em 1981) e BRS Xavante (em 2004) – apresentavam frutos de sabor amargo marcante. “Já a Karajá tem baixo amargor”, pontua. A denominação da BRS Karajá segue a tradição de identificar as cultivares de amoreira-preta com nomes de povos indígenas em homenagem aos primeiros brasileiros.
A princípio, o fato de não ter espinhos pode contribuir com aumento da eficiência da colheita. “Isso implica mais qualidade da fruta que será comercializada in natura, com maior agilidade na colheita e sem danos causados pelos espinhos, necessidade de menor número de colhedores (mão de obra), possibilidade de realizar a colheita em horários mais adequados, evitando picos de calor, e menor risco de lesões aos trabalhadores”, detalha o pesquisador Carlos Augusto Posser Silveira.
Além disso, ele destaca que, embora não se tenha dados a respeito, a condução da planta e a poda também seriam facilitadas. “É preciso salientar que esses parâmetros de eficiência das práticas de colheita e poda são influenciados enormemente por outros fatores, como tipo de condução da planta, manejo da adubação e da irrigação, potencial de produção da cultivar, além de experiência e agilidade dos colhedores e podadores. O fato de não ter espinhos facilita, com certeza, todas as atividades fitotécnicas do pomar”, declara.
A amora no Brasil
A produção de amora no País, especialmente nas regiões produtoras, dobrou nos últimos dez anos. A produção de frutas gira em torno de 15 a 20 toneladas por hectare ao ano (t/ha/ano). A área plantada também cresceu, chegando a números próximos a 1,1 mil hectares.
Os principais estados produtores de amoreira estão localizados nas Regiões Sul e Sudeste, sendo eles Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.
O melhoramento genético da amoreira-preta no Brasil começou no fim dos anos 1970 e atualmente o País possui dez cultivares nacionais adaptadas às condições brasileiras, atendendo às necessidades do agricultor e do mercado. (Da Embrapa)
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