Criada em 08/10/2024 às 13h06 | Pesquisa

Erradicação do moko da bananeira em área de terra firme exige vazio sanitário de dois anos

Doença é causada por bactéria quarentenária presente sob controle oficial, que se encontra disseminada nos estados do Amapá, Amazonas, Roraima, Pará, Pernambuco, Rondônia e Sergipe. O moko é uma das doenças mais destrutivas das bananeiras cultivadas em áreas de várzea da Região Amazônica.

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A bactéria é disseminada entre as plantas através do contato entre raízes e causa a morte de toda a plantação. (Foto: Luadir Gasparotto)

Com base em resultados de pesquisa da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) em parceria com Embrapa Roraima, cientistas recomendam o período de 24 meses para o vazio sanitário de bananeiras para a recomposição de áreas de terra firme afetadas pela murcha-bacteriana ou moko da bananeira. A doença é causada pela bactéria Ralstonia solanacearum raça 2, uma praga quarentenária presente sob controle oficial, que se encontra disseminada nos estados do Amapá, Amazonas, Roraima, Pará, Pernambuco, Rondônia e Sergipe.

O moko é uma das doenças mais destrutivas das bananeiras cultivadas em áreas de várzea da Região Amazônica, onde as inundações anuais são o ponto crucial para disseminação da bactéria, pois as águas das enchentes disseminam o patógeno ao longo dos rios, contaminando todos os plantios à jusante do bananal afetado.

Nos municípios de Tabatinga e Manicoré, no Amazonas, por exemplo, os plantios são afetados pela doença, pois estão estabelecidos nas áreas de várzea da calha do Alto Solimões e do Rio Madeira, respectivamente. Nesse caso, a erradicação do mal é praticamente impossível, pois, todos os anos, as áreas são inundadas e as águas das enchentes disseminam a bactéria.

Nas áreas de terra firme, a bactéria se comporta como um patógeno transeunte do solo, pois sobrevive nesse ambiente por tempo limitado. Ela não resiste na ausência de resíduos da planta hospedeira e tampouco produz endósporos, que são estruturas de resistência que garantem a sua sobrevivência sob condições de estresse ambiental. Após o vazio sanitário de dois anos, pode-se plantar novamente bananeiras de mudas sadias no local.

 

Não há cultivares resistentes, e o controle químico também não funciona, porque a doença é vascular, informa os pesquisadores da Embrapa Luadir Gasparotto, Mirza Carla Normando e Daniel Schurt, no Comunicado Técnico 168 “Sobrevivência da bactéria Ralstonia solanacearum raça 2,” lançado este ano.

“Em áreas de terra firme, a doença só ocorre quando os produtores utilizam, no plantio, mudas contaminadas oriundas das várzeas. A bactéria é disseminada por contato das raízes entre as plantas e, em poucos meses, causa a morte de todo o plantio”, explica Gasparotto.

Como a disseminação de R. solanacearum raça 2 para as áreas de terra firme é antrópica (causada por ação humana), ela pode ser evitada com medidas de exclusão, ou seja, plantio de mudas sadias, desinfestação de máquinas e implementos utilizados no bananal doente e proibição do trânsito desordenado de veículos, de pessoas e de caixas usadas para transporte das bananas entre os plantios.

Segundo a pesquisa, as medidas de erradicação apresentam bons resultados em plantios de banana em terra firme, mas, para recomendar a erradicação, foi importante definir o período de sobrevivência da bactéria no solo. Por isso, foi realizado um experimento por dois anos, na Embrapa, quando foi avaliada a sobrevivência de mudas de bananeira das cultivares Prata Anã e PV03-44, em solos infestados com a bactéria.

Para a erradicação da doença, é importante que todas as bananeiras sejam mortas. Os pesquisadores recomendam que não se deixe nenhuma planta viva. Após a morte de todas as bananeiras, é recomendável que a área seja cultivada com outras culturas, como macaxeira, mandioca, abacaxi, mamão e milho, durante pelo menos 24 meses. Nesse período, todos os resíduos orgânicos do bananal serão decompostos. Após o vazio sanitário, sem bananeiras, durante 24 meses, a mesma área poderá ser estabelecida com novo plantio dessa planta, mas com mudas de procedência conhecida livre de moko. (Da Embrapa)

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