Criada em 17/12/2024 às 09h04 | Exportações

Exportações do Tocantins ultrapassam os R$ 14 bilhões

As exportações do Tocantins até novembro de 2024 somam US$ 2,35 bi, 19% a menos que 2023, devido à queda na venda de soja e milho. Consumo interno e estoques externos explicam a redução. A China, com 49%, pode fechar abaixo de 50% das compras do Estado, algo inédito desde 2016.

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Em dólar, valor cai 19%; para especialista, aumento do consumo interno e reserva de países importadores explicam vendas externas menores. (Foto: Divulgação)

Daniel Machado
De Palmas (TO)

No momento que falta um mês para finalizar os dados completos de 2024, as exportações do Tocantins de janeiro a novembro acumulam US$ 2,35 bilhões (R$ 14,1 bilhões na cotação desta sexta-feira, 13 de dezembro). O valor é o terceiro maior da história para o período, mas representa uma queda significativa de 19% - US$ 546 milhões a menos - em relação ao registrado nos 11 primeiros meses de 2023.

Do total vendido para fora, 57% corresponde a soja, 18% a carne bovina, 7% ao milho, 6% a derivados da soja (torta, farinha, óleo de extração) e 5% ao ouro.

Comparação com 2023

Em números, a redução em relação a 2023 se deu por causa da diminuição nas vendas externas de soja e de milho, os dois principais ativos agrícolas do Tocantins.

De soja, o Estado exportou 3 milhões de toneladas por US$ 1,34 bilhão em 2024, enquanto no mesmo período do ano passado foram 3,6 milhões de toneladas por US$ 1,88 bilhão. Já o milho, que até agora alcançou US% 162 milhões com 815 mil toneladas exportadas, tinha registrado US$ 370,7 milhões com 1,7 milhão de toneladas comercializadas para o exterior de janeiro a novembro de 2023.

Mercado interno forte e estoque de importadores 

Para o engenheiro agrônomo, professor e consultor Corombert Leão de Oliveira, alguns fatores podem ter contribuído muito para essa diminuição.

No mercado interno, ele ressalta que o aumento das operações das esmagadoras de soja instalada no Tocantins assim como a ampliação na quantidade bovinos (e até produção de ovos) criados via confinamento fez com que houvesse uma demanda maior por soja e milho local, dando uma opção de comércio que não seja apenas a exportação.

“O Estado tem se transformado nos últimos cinco anos. Temos bovinos de corte confinados muito maiores que nos últimos anos. Esses animais são consumidores de soja, milho e outros produtos alimentares. Nós temos esmagadoras de soja operando e adquirindo muito desses produtos. Então, não posso justificar, mas posso elencar alguns fatores que fazem com que a menor exportação de milho e de soja seja realmente o mercado interno. E no abate, não é o ano que nós mais exportamos, em 2022 foi o ano que exportamos mais, mas pela qualidade da carne, pelo acesso a mercados internos, pelos confinamentos. Eu acredito que esses animais, tanto bovinos, quanto até a produção de ovos na região Norte, extremo-norte foram grandes consumidores”, frisa.

Além disso, ele lembra que em 2024 muitos países importadores fizeram grande reserva de estoque em 2023, diminuindo a demanda externa. “Os países importadores fizeram seus estoques, constituíram seus estoques nas importações de 2023. Em 2024 volta à normalidade da década de 20, do início, do final da década de 10 e início da década de 20. Então, são valores menores para carne, milho e soja do que 23. Em 2024, realmente, o Brasil forneceu menos produto para os países importadores do que em 2023. Em função, como tem sido comentado há muito pelos analistas internacionais, houve uma preocupação em formação de estoques, principalmente China, Arábia Saudita, Turquia. Então, são países que fizeram, estão refazendo seus estoques. E o Tocantins, logicamente, é um dos estados que forneceu menos em 2024. Mas, volto a acrescentar, que nós aumentamos o nosso consumo interno desses produtos”, finaliza.

China com menos de 50%

De tudo que o Tocantins exportou em 2024, 49% teve como destino a China, principal parceiro comercial do Brasil e, disparado, do Estado. Contudo, a continuar nessa média, 2024 deve ser o primeiro ano desde 2016 no qual os chineses não terminam com mais de 50% das exportações feitas pelo Estado.

Isso se deve ao fato de a redução nas exportações de soja atingirem diretamente os negócios com a China, que é o maior comprador desse grão do Tocantins.

 

Principais números:

Exportações totais do Tocantins de janeiro a novembro

US$ 2,35 bilhões - terceira maior da história

Queda em relação ao mesmo período de 2023 - 19% (-US$ 546 milhões em dinheiro)

 

Participação das commodities 2024

Soja - 57%

Carne bovina - 18%

Milho - 7%

Derivados de soja (torta, farinha, óleo de extração) - 6%

Ouro - 5%

 

Evolução commodities em volume e dinheiro de janeiro a novembro

Soja

2024 - US$ 1,34 bilhão (3 milhões de toneladas)

2023 - US$ 1,88 bilhão (3,6 milhões de toneladas)

Carne bovina

2024 - US$ 412 milhões (100 mil toneladas)

2023 - US$ 370,7 milhões (83 mil toneladas) 

Milho

2024 - US$ 162 milhões (815 mil toneladas)

2023 - US$ 425 milhões (1,7 milhão de toneladas)

Clique aqui e ouça reportagem sobre o tema.

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