Criada em 09/08/2017 às 00h03 | Pecuária

Morte de 1,1 mil bois no MS por suspeita de botulismo causa prejuízo de R$ 2 milhões a dono do rebanho

Pelos sintomas apresentados pelos animais – paralisia dos membros e parada cardiorrespiratória – e pelo fato de ter sido encontrado bolor na silagem, há suspeitas de que as mortes tenham sido causadas por intoxicação pela ingestão de toxina botulínica.

Imagem
Não há risco de contaminação a outros animais na região e nem a seres humanos, dizem autoridades locais (foto: Reprodução)

O prejuízo estimado com a morte de aproximadamente 1,1 mil bois confinados por suspeita de botulismo no Mato Grosso do Sul gerou prejuízo inicial de R$ 2 milhões à 7 Pecuária, dona do rebanho que estava na fazenda Fazenda Monica Cristina, em Ribas do Rio Pardo (MS). As informações são do jornal O Estado de São Paulo. 

Um dos principais produtores de boi para corte do País, com 20 milhões de cabeças, o Mato Grosso do Sul busca explicações para o caso. Em entrevista ao Estadão, o diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro), Luciano Chiochetta, , disse que até sexta-feira deverá sair o laudo veterinário sobre o que provocou as mortes.

Pelos sintomas apresentados pelos animais – paralisia dos membros e parada cardiorrespiratória – e pelo fato de ter sido encontrado bolor na silagem, há suspeitas de que as mortes tenham sido causadas por intoxicação pela ingestão de toxina botulínica.

Conforme informações das autoridades do jornal, não há risco de contaminação a outros animais na região. “A intoxicação é alimentar e não se trata de um doença infecto contagiosa”, explicou Chiochetta. Isso significa que não há risco de que a doença se propague e contamine os rebanhos de fazendas vizinhas.

Ele disse acreditar que o episódio não deve arranhar a imagem da carne brasileira – que vem sendo afetada nos últimos meses por outras ocorrências – aos olhos dos compradores internacionais. Em nota conjunta com a Iagro, o Ministério da Agricultura informou que “estão sendo tomadas medidas necessárias para identificação da causa e a resolução do problema”. A Iagro divulgou nota técnica sobre o fato. (Com informações do Estadão)

Confira a nota na íntegra:

Nota Técnica Conjunta Nº 001/2017

Assunto: Ocorrência de mortalidade bovina no Estado de Mato Grosso do Sul e medidas adotadas

Data: 08 de agosto de 2017

Tendo em vista a veiculação de diversas notícias sobre mortalidade de bovinos com sintomatologia nervosa no Estado de Mato Grosso do Sul, a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), por meio da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro), em conjunto com a Superintendência Federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul (SFA/MS), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), informa que estão sendo tomadas todas as medidas necessárias para identificação da causa, bem como a resolução do problema.

Vale ressaltar que, no Complexo de Doenças Nervosas que acometem os bovinos, temos inúmeras. Entre as principais estão o botulismo, intoxicações fúngicas, raiva, dentre outras.

Histórico:

No dia 03/08/17 foram encaminhadas à Unidade Laboratorial de Raiva e Botulismo do Laboratório de Diagnósticos de Doenças Animais e Análises de Alimentos – LADDAN/IAGRO, amostras provenientes do município de Ribas do Rio Pardo para diagnóstico diferencial de raiva e botulismo. Essas amostras foram encaminhadas pelo Setor de Anatomia Patológica da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com suspeita clínica de botulismo;

No dia 04/08/17, a Unidade Veterinária Local de Ribas do Rio Pardo deslocou-se até a propriedade para verificação da notificação e providências cabíveis. Foi relatado pelo responsável da propriedade que a mesma possui 1700 bovinos em sistema de confinamento e que até a presente data já haviam morrido 600 animais;

Neste mesmo dia foram encaminhadas ao LADDAN mais amostras dos animais, além de porções dos ingredientes que compõe a ração fornecida a estes, provenientes da mesma propriedade.

No dia 07/08/17 a equipe da IAGRO deslocou-se novamente à propriedade, onde foi constatada a morte de mais 500 animais, perfazendo um total de 1100 bovinos. Vale ressaltar que também havia lotes de bovinos e ovinos fora do confinamento, que não apresentaram nenhuma sintomatologia e ou morte. Nos demais animais da propriedade não foram constatadas doenças infectocontagiosas.

Com relação à suspeita, o botulismo é uma toxinfecção, ou seja, o animal adquire a doença por meio da ingestão de toxinas produzidas pela bactéria do gênero Clostridium em condições de anaerobiose.

Vale ressaltar que essa toxina se liga à neuroreceptores presentes na musculatura, impedindo contração muscular, causando paralisia flácida e levando a óbito. Os sintomas clínicos aparecem de 1 a 17 dias após a ingestão do alimento contaminado, dependendo da quantidade de toxina ingerida pelo animal.

Os ingredientes para a fabricação da ração na propriedade são de uso permitido por lei, mas podem ter havido falhas na conservação, propiciando condições favoráveis ao desenvolvimento do Clostridium e consequente produção da toxina.

Em relação aos animais mortos, não há aproveitamento das carcaças para consumo humano, sendo que as mesmas já estão sendo destruídas e enterradas na propriedade.

O diagnóstico da enfermidade baseia-se principalmente no histórico, quadro clínico, patológico e epidemiológico. O diagnóstico laboratorial, que pode demorar até 20 dias para ser concluído, é uma ferramenta complementar, não sendo determinante.

O papel dos diversos setores da agropecuária, incluindo médicos veterinários, zootecnistas, criadores, ou qualquer cidadão, é fundamental para a prevenção, detecção precoce e contenção da doença. O rápido diagnóstico de animais doentes ou infectados é importante para evitar sua disseminação. A IAGRO coloca-se à disposição e conta com participação e colaboração de todos.

IAGRO SEMAGRO SFA-MS/MAPA

Tags:

Comentários


Deixe um comentário

Redes Sociais
2025 Norte Agropecuário