Criada em 29/08/2019 às 18h04 | Pesquisa

Contaminação por fungos em castanha do Brasil pode ser eliminada com radiação UV-C; método limpo e sustentável

Pesquisa feita pela Embrapa utilizando a radiação UV-C na pós-colheita mostrou que a mesma é sustentável e que preserva os aspectos qualitativos da castanha-do-brasil, que pode apresentar alta taxa de contaminação por fungos toxigênicos, em especial o Aspergillus flavus.

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O estudo observou que a radiação UV-C diminuiu significativamente a contaminação bacteriana e bolores, e em especial o Aspergillus flavus. (Foto Rafael Rocha / Embrapa)

Cristina Tordin
DE JAGUARIÚNA (SP)

Uma das tecnologias alternativas mais promissoras no controle de contaminantes biológicos na pós-colheita, a irradiação UV-C, preserva os aspectos qualitativos, inclusive da castanha-do-brasil, que pode apresentar alta taxa de contaminação por fungos toxigênicos, em especial o Aspergillus flavus. Em trabalho desenvolvido na Embrapa, avaliou-se o controle desse fungo e da contaminação por bactérias e bolores utilizando essa radiação como um método limpo e sustentável, que não altera sensorialmente o produto irradiado.

O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Daniel Terao esclarece que, para que a irradiação UV-C possa proporcionar um controle adequado em castanha-do-brasil é fundamental que boas práticas de coleta e de manuseio no descascamento e manipulação sejam, também, incorporadas ao processo produtivo.

Foram realizados três experimentos - nos dois primeiros, avaliou-se a eficiência da UV-C no controle de microrganismos naturalmente presentes em amêndoas in natura, e no terceiro as amêndoas passaram por uma esterilização prévia com óxido de etileno, antes de serem inoculadas com o A. flavus. Observou-se que a radiação UV-C diminuiu significativamente a contaminação bacteriana e bolores, e em especial o A. flavus.

Devido às condições ambientais da região Norte e aos precários sistemas de coleta, armazenamento e transporte na floresta, explica Daniel, as castanhas podem permanecer empilhadas ou ensacadas durante um longo período, em ambiente úmido, favorável à colonização de diversos fungos, que tem potencial para síntese de aflatoxinas, um potente carcinógeno que pode causar também lesões hepáticas além de ser mutagênico e teratogênico.

O processamento da castanha-do-brasil, realizado pelas indústrias locais, consiste na lavagem, tratamento térmico, descascamento, seleção, desidratação e embalagem a vácuo. Conforme o pesquisador, foi constatado que as etapas finais de autoclavagem, descascamento e desidratação são eficazes na redução significativa da microbiota encontrada na castanha, incluindo bactérias.

No entanto, apesar de diferentes tipos de tratamentos térmicos utilizados nas usinas de beneficiamento de castanha-do-brasil se mostrarem eficazes no controle da contaminação microbiológica, culturalmente ainda existe entre as populações dos estados da Amazônia, a preferência pelo consumo da amêndoa in natura, por considerar que ela mantém as características organolépticas originais, como a cor, o brilho, o odor, a textura, e o sabor. Portanto, a amêndoa é comumente encontrada e comercializada nas feiras livres e semáforos das cidades da região, sem passar por nenhum processamento, apresentando elevado nível de contaminação biológica. Em especial, para essa forma de consumo, a radiação UV-C apresenta-se como alternativa viável para controle de contaminantes biológicos, uma vez que que não altera sensorialmente as propriedades da amêndoa in natura.

O trabalho completo (Radiação ultravioleta C no controle de Aspergillus flavus Link e de outros contaminantes da castanha-do-brasil, de Daniel Terao, Cleísa Cartaxo (pesquisadora da Embrapa Acre), Érica Konda (engenheira de alimentos/ Centro Universitário de Jaguariúna) e Sandra dos Santos (engenheira ambiental/profissional autônoma) - Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 82) em https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/201110/1/boletim-82-daniel.pdf

(Da Embrapa Meio Ambiente) 

 

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